quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A LULA E A BALEIA (THE SQUID AND THE WHALE)


Um Baumbach obrigatório, o filme que lançou o autor americano é um relato impessoal e sóbrio sobre uma família que se desfacela. O distanciamento de perspectiva, contudo, funciona à narrativa e à estética, valorizando o filme ao invés de desumanizá-lo.

Bernard Berkman (Jeff Daniels) é um escritor que sobrevive de glórias passadas (tipo comum no cinema, destaque-se). Joan Berkman (Laura Linney) é uma professora que inicia na escrita e vem recebendo destacadas críticas positivas. Tudo corria bem (ou mal) até que Bernard e Joan decidem divorciar-se após suposta traição de uma das partes. O fogo cruzado atinge em cheio os filhos do casal (Walt e Frank, interpretados respectivamente por Jesse Eisenberg e Owen Kline) que, em momento delicado (final e início da adolescência), precisam aprender a lidar com a independência forçada enquanto buscam suas experiências inéditas.

O mote é recorrente, mas o modo como é contada a história – seguindo a cartilha indie americana de Todd Solondz, é bom que se faça justiça – diferencia esse drama da grande maioria dos que vêm sendo produzidos pelo cinema de larga escala. Todos os personagens são defeituosos, mas em geral não por desvio de caráter, e sim por necessidade. O trabalho de atuação (e mise em scène) é valoroso, e os atores estão excelentes (talvez Linney um tom um pouco acima em determinadas cenas, mas nunca afetada), o que ajuda a conferir identificação entre público e os personagens, mormente por representarem estágios diferentes das descobertas (e, em última análise, recusa a elas) que se passam ao longo da vida.

No decorrer da projeção, vemos como os personagens (em especial Walt) evoluem na busca de sua individualidade, abarcando o desconhecido e o novo não por desejo, mas por imposição. Um trabalho maduro, recomendável por seguir um caminho formal e substancial que, ainda que tenha virado moda em produções esquecíveis (Juno, Pequena Miss Sunshine), merece destaque pelo roteiro bem elaborado e atuações quase perfeitas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário